segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Perfil do CD Cosmumano


O CD Cosmumano é um conjunto de olhares dentro de tantos possíveis com os quais o homem enxerga ou se relaciona com mundo. O título é uma junção de ‘Cosmo’ e de ‘Humano’. O trabalho contém lembranças de lugares pitorescos e históricos como Lumiar, São Pedro da Serra e Ouro Preto. Fala de um engarrafamento na rua Jardim Botânico, da devastação que o homem contemporâneo contabiliza, e da guerra, hoje sinônimo de tecnologia mas tão desastrosa e irracional quanto as anteriores. Mostra o perfil da vida de um índio atingido por uma civilização que lhe é estranha e que ameaça sua existência por ter outros costumes e crenças. Fala ainda de um modo de viver em alerta, mas amando. E fala do amor.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Sobre um caminho já percorrido


...e a mente, já liberta da estrutura do dever, cristaliza idéias
no ato de criação, cujo embrião percorre a rede de dentrinos
num movimento de frente de onda.

As tempestades tropicais na minha mente serão mais freqüentes
E na volta à arte, alagarão novos circuitos, nova topografia
moldada pelos movimentos sísmicos da idade

À ansiedade do jovem foi acrescentada a consciência
E as construções e falas do abstrato possuem o vaso do sensato.

Que conteúdo possui uma mente que tanto exercitou o racional,
Que fez uso de rédeas para não atolar na loucura e no devaneio,
que se educou no estado da arte mental: a matemática?

Relações entre objetos não palpáveis foram analisadas.
Propriedades de objetos abstratos foram exibidas,
externando atributos que, mesmo precisos, apenas delineiam.
Não chegam à essência do sujeito; só formam um perfil.
No fundo este também é o processo das ciências experimentais
Mas lá, há a ilusão de explicar tudo sobre a luz.
É um fenômeno ‘observável’ (mas este conceito também é obscuro).
Aos iniciados.
Niterói, 8 de dezembro de 2011.

domingo, 29 de maio de 2011

sobre a ediçao de Ecos & Raizes

Antes de tudo, agradeço a você pelo seu acesso anonimo ao meu Blog. Hoje contabilizo perto de quinhentos acessos, envolvendo varios paises, como Alemanha, Russia e Canadá. Só tomo conhecimento de seu movimento pelas informações de estatisticas do blog; mas seu click representa um estímulo para mim.  Abaixo no Blog, você pode acessar o livreto que foi editado junto com a fita em 1989.
Fiz uma digitalizaçãao do trabalho, cujo original era em fita cassete. Há uma limitaçao na qualidade técnca, pois houve problemas de fase, o que dificulta a audição. No entanto, devido à qualidade dos músicos e dos arranjos, decidi postar o trabalho. Meu próximo CD será ainda o Russô como poeta e cidadão do mundo, mas à seguir, planejo editar (o que será meu terceiro CD) na forma temática, de questões e imagens nordestinas. Esta é minha origem e me sinto qualificado a ter um lugar entgre os compositores da região. Minha história de ter vindo para o sudeste com 14 anos, ter morado na França durante cinco anos e não ter mais vinculo domiciliar no Nordeste, faz com que me sinta com uma visão 'Prustiana da região', como bem o observou o radialista Cid Teixeira de Salvador em 1989. Mantenha sempre o ímpéto de acessar meu Blog, pois nós construiremos aqui um espaço de vigília do mundo, de sensibilidade, beleza e comunicação. Esta caminhada não está delineada mas prevista. Cabe a nós todos termos disposiçao para realizar 'o bom do nosso encontro e partilha'. Agradeço a todos aqueles que em 1989 adquiriram a fita e assistiram a meus shows. Decidi que fecharia o lançamento do trabalho no Duerê (o meritoso e fecundo de Niterói) e assim foi feito. Há uma demanda da parte de meus fãs amigos pela realização de novos shows. Mas eles virão, pois nossos encontros e descobertas sempre foram intensas realizações. Agradeço também aos meus amigos mergulhadores que não hesitaram em se declararem meus seguidores; acho forte este termo, mas o acompanhamento dos passos do artista é fundamental para instigá-lo e inspirá-lo em novas construções. Beijos e abraços às devidas parceiras e parceiros. Vocês são minha força e movimentam meus lampejos de artista.
Niterói, 29 de maio de 2011,
Russô

quinta-feira, 28 de abril de 2011

O Show Acontecia.

O Show acontecia
 
Eu vi seus rostos durante o show. O que ouviam se mesclava com experiências anteriores, com partes relevantes de sua vida... Ou simplesmente sonhavam, se deixando levar pela música.
As expressões em seus rostos mudavam numa sincronia com o desenrolar de cada da canção: alegre, sonhador, imaginativo, espantado, vibrante...

A cada inicio de musica já conhecida, aplaudiam interagindo com o show. Mostravam conhecer a música já nos primeiros acordes, antes mesmo do artista cantar. É um carinho só experimentado pelos que fazem sucesso, pelos que atravessam fronteiras e tem um trabalho denso. Era um momento de júbilo para o artista, que se sentia reconhecido. Sentia o desejo do publico para que se apresentasse. Demonstravam com as palmas o valor do artista vir até eles, subindo ao palco e humanizando e materializando seus discos. Ali acontecia o show. Homens, mulheres, jovens e idosos se deixavam levar pela harmonia das canções. O momento era intenso. O som penetrava pelos ouvidos, reverberando no labirinto e ossos da audição e oxidava suas artérias, em caudalosas emoções. Cada um dos espectadores se deixava levar a seu modo, sob a batuta do artista que assim regia o espetáculo. O show acontecia, a emoção aflorava e sonhos muitos sonhos embalavam a platéia. O artista era o artista, o centro das atenções. Sua habilidade no instrumento era um apoio fundamental para sua voz. O som dava o ambiente. Os acordes e a harmonia do grupo era o meio ambiente com suas cores e micro-organismos banhados pela voz, que emitia palavras e sons que a todos envolvia.
O show acontecia.

Russô abril de 2011.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Canto a Victor Jara

Estou gravando uma musica que fiz em memória de Victor Jara.MInha intençao é postá-la no blog.  Conheci as músicas de Victor Jara quando estava em Paris, em 1972. O golpe militar ocorrido no Chile torturou e matou inumeros aliados do governo Allende. No caso Victor Jara, a crueldade foi tamanha que o transformou em mártir.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Quando O músico Lê



Quando o músico lê, vivencia a partitura.
E considera os aspectos envolvidos: o tom (na música tonal), o ritmo, o andamento, e a métrica. A partitura é o texto do musico e se propõe a transmitir as ideias essenciais do compositor. As conquistas recentes da musica contemporânea exigiram uma mudança radical na escrita com a introdução de novas simbologias. No nível neural, tocar um instrumento exige ações complexas de nosso cerebelo e do tronco cerebral que podem ser observadas. A ideia de ritmo diz respeito à duração das notas; a de andamento, à velocidade da peça musical e a métrica significa como marcamos o tempo na pulsação forte e fraco. Também é denominada de compasso. Mal comparando, quando o musico lê uma partitura, é como se estivesse caminhando ou fazendo outro tipo de movimento ao ler um texto. A partitura para piano possui dois textos simultâneos: a parte grave e a parte aguda que são tocadas em grande parte pela mão esquerda e pela mão direita respectivamente. 
Ao pinçar uma corda de violão tocamos uma nota; ela tem um som ‘colorido’ não é como o som monótono do telefone fixo ao buscarmos ‘a linha para ligar’. Uma pedra atirada num lago sereno forma ondas concêntricas, mas só um tipo de onda. Esta forma de onde vem de um movimento harmônico simples. Para ver uma descrição deste fenômeno e de outros aspectos básicos do som como a série natural harmônica, a série de Pitágoras e a escala temperada, acompanhe o blog, pois em breve será postado um texto explicando estas noções. A corda pinçada emite outros sons que acompanham aquele original: são os harmônicos. Acontece que a metade, um terço, um quarto, um quinto dela vibra. Os sons correspondentes formam a série harmônica. É como se jogássemos varias pedras de peso e formato distintos no lago. O som precisa de um ambiente elástico como o ar ou a água para se propagar em ondas. Mas não iremos adiante neste texto. O primeiro harmônico é a mesma nota repetida uma oitava acima; vem da metade da corda vibrando (o som é mais agudo, ou seja, mais alto). Por exemplo, a primeira e a sexta corda de um violão geralmente estão afinadas em mi. Se prendermos a corda na metade de seu comprimento obtemos sua oitava, que é a nota mi mais aguda. Esta é uma lei física relativa ao som: ele se repete numa nota mais aguda que corresponde a um intervalo de oitava. Imaginemos agora que uma corda esticada está afinada em dó. Partindo da corda C³ (dó central do piano), teremos a série harmônica do3, do4, sol, dó, mi, sol, si bemol, lá, etc. Pitágoras fez seu trabalho usando o conceito de quinta (e de quarta). Partindo de dó a quinta nota é sol. O musico vai percorrendo a partitura seguindo seu andamento, ou seja, na velocidade na qual a musica se desenrola; é seu passo, é seu pulsar. Um samba pode ter seu andamento mais lento como muitos de Paulinho da Viola ou ser mais rápido como agora são os sambas enredos. Marcando com os pés sentimos isto. A música tem por parceira as sugestões escritas, pois, na verdade, a interpretação do musico apresenta nuances ocultas da partitura. Também o autor revela muito mais do que está na pauta. Mas esta mostra a essência da musica e é fundamental para o entendimento musical. A interpretação é mesclada. Emoção e convenção ficam parceiros. O cérebro e a mente se envolvem numa função dupla acoplada, trabalhando juntas. Na musica popular as cifras representam sons simultâneos. Indicam os acordes. Nós apenas comentamos o inicial que o musico precisa para ler uma partitura. Os sons partem do instrumento e vão até os limites do audível. Provocam emoção, críticas, aplausos indiferenças ou vaias. Mas para tudo isto, o ato de ler a partitura exige muita dedicação e estudo. Isto nem sempre está exposto ao publico. Mas um admirador de musica é fundamental. Artista e publico são  cumplices na arte.

Cotidiano




 Quase Atropelamento
Em 18fev 2011.

Dobrando uma esquina movimentada, percebi que um senhor começava a atravessar a rua. Parei o carro e fiz sinal para que passasse. Mal o homem agradeceu, surgiu outro carro passando por mim a minha direita e quase atropelou o senhor, que, apavorado correu para se salvar. Você que quase o matou naquela hora de recolhimento entre meia-noite e uma hora da madrugada talvez um dia leia este texto. Com seu carro preto e novo, relativamente caro, talvez considere que um carro pode passar por cima de um homem; considera isto uma morte limpa, mesmo que o homem seja um médico (pois um médico também pode andar a pé na madrugada) e tenha lhe tratado um dia, livrando-o de um grande uma grande incomodo ou lhe sugerindo uma dieta para ter mais saúde ou lhe indicado um remédio controlado para suas coronárias. Pode ter feito uma cirurgia em sua mãe livrando-a de um câncer. Você pode ter um grande débito com ele. Mas, naquela noite, dirigindo (?!) um confortável e caro carro, quase o atropela estupidamente na madrugada.