terça-feira, 15 de maio de 2012

Chove em Nós


Chove em nós
Russô (José Roosevelt Dias)  russodias1@gmail.com

Por vezes a chuva nos chega.
Não (apenas) molhando em pingos aos milhares
Água aérea resultando em colheita se fôssemos lavoura;
Nem nos adornando, caindo como orvalho:
Leve, bela, fresca no verde

Esta chuva nos envolve, modifica nosso estado
E não é o Logos que nos toma
 Já que vem como Fluxo do Devir

A massa líquida desce pesada, compacta
Pois o vento em sopro não a dispersa;
Assim como surge inevitável e denso
O momento que nos arrebata simultaneamente
Nossos sentidos e nossos neurônios
Interlúdio entre o antes e o que poderá ser

Seus vocábulos, já na terra (em nós):
Turbilhão, redemoinho, torrente, enchente,
Atormenta nossas margens e portos;
Por um momento nos distancia do leito

Só nos resta termos calhas de verão
Para decodificar em veios a água d’acima,
Que transpassa, infiltra, arrasta,
Tornando-a então múltiplos veios transparentes,
Inumeráveis caminhos avistados de soslaio
Iinstantaneamente