segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Quando O músico Lê



Quando o músico lê, vivencia a partitura.
E considera os aspectos envolvidos: o tom (na música tonal), o ritmo, o andamento, e a métrica. A partitura é o texto do musico e se propõe a transmitir as ideias essenciais do compositor. As conquistas recentes da musica contemporânea exigiram uma mudança radical na escrita com a introdução de novas simbologias. No nível neural, tocar um instrumento exige ações complexas de nosso cerebelo e do tronco cerebral que podem ser observadas. A ideia de ritmo diz respeito à duração das notas; a de andamento, à velocidade da peça musical e a métrica significa como marcamos o tempo na pulsação forte e fraco. Também é denominada de compasso. Mal comparando, quando o musico lê uma partitura, é como se estivesse caminhando ou fazendo outro tipo de movimento ao ler um texto. A partitura para piano possui dois textos simultâneos: a parte grave e a parte aguda que são tocadas em grande parte pela mão esquerda e pela mão direita respectivamente. 
Ao pinçar uma corda de violão tocamos uma nota; ela tem um som ‘colorido’ não é como o som monótono do telefone fixo ao buscarmos ‘a linha para ligar’. Uma pedra atirada num lago sereno forma ondas concêntricas, mas só um tipo de onda. Esta forma de onde vem de um movimento harmônico simples. Para ver uma descrição deste fenômeno e de outros aspectos básicos do som como a série natural harmônica, a série de Pitágoras e a escala temperada, acompanhe o blog, pois em breve será postado um texto explicando estas noções. A corda pinçada emite outros sons que acompanham aquele original: são os harmônicos. Acontece que a metade, um terço, um quarto, um quinto dela vibra. Os sons correspondentes formam a série harmônica. É como se jogássemos varias pedras de peso e formato distintos no lago. O som precisa de um ambiente elástico como o ar ou a água para se propagar em ondas. Mas não iremos adiante neste texto. O primeiro harmônico é a mesma nota repetida uma oitava acima; vem da metade da corda vibrando (o som é mais agudo, ou seja, mais alto). Por exemplo, a primeira e a sexta corda de um violão geralmente estão afinadas em mi. Se prendermos a corda na metade de seu comprimento obtemos sua oitava, que é a nota mi mais aguda. Esta é uma lei física relativa ao som: ele se repete numa nota mais aguda que corresponde a um intervalo de oitava. Imaginemos agora que uma corda esticada está afinada em dó. Partindo da corda C³ (dó central do piano), teremos a série harmônica do3, do4, sol, dó, mi, sol, si bemol, lá, etc. Pitágoras fez seu trabalho usando o conceito de quinta (e de quarta). Partindo de dó a quinta nota é sol. O musico vai percorrendo a partitura seguindo seu andamento, ou seja, na velocidade na qual a musica se desenrola; é seu passo, é seu pulsar. Um samba pode ter seu andamento mais lento como muitos de Paulinho da Viola ou ser mais rápido como agora são os sambas enredos. Marcando com os pés sentimos isto. A música tem por parceira as sugestões escritas, pois, na verdade, a interpretação do musico apresenta nuances ocultas da partitura. Também o autor revela muito mais do que está na pauta. Mas esta mostra a essência da musica e é fundamental para o entendimento musical. A interpretação é mesclada. Emoção e convenção ficam parceiros. O cérebro e a mente se envolvem numa função dupla acoplada, trabalhando juntas. Na musica popular as cifras representam sons simultâneos. Indicam os acordes. Nós apenas comentamos o inicial que o musico precisa para ler uma partitura. Os sons partem do instrumento e vão até os limites do audível. Provocam emoção, críticas, aplausos indiferenças ou vaias. Mas para tudo isto, o ato de ler a partitura exige muita dedicação e estudo. Isto nem sempre está exposto ao publico. Mas um admirador de musica é fundamental. Artista e publico são  cumplices na arte.

Cotidiano




 Quase Atropelamento
Em 18fev 2011.

Dobrando uma esquina movimentada, percebi que um senhor começava a atravessar a rua. Parei o carro e fiz sinal para que passasse. Mal o homem agradeceu, surgiu outro carro passando por mim a minha direita e quase atropelou o senhor, que, apavorado correu para se salvar. Você que quase o matou naquela hora de recolhimento entre meia-noite e uma hora da madrugada talvez um dia leia este texto. Com seu carro preto e novo, relativamente caro, talvez considere que um carro pode passar por cima de um homem; considera isto uma morte limpa, mesmo que o homem seja um médico (pois um médico também pode andar a pé na madrugada) e tenha lhe tratado um dia, livrando-o de um grande uma grande incomodo ou lhe sugerindo uma dieta para ter mais saúde ou lhe indicado um remédio controlado para suas coronárias. Pode ter feito uma cirurgia em sua mãe livrando-a de um câncer. Você pode ter um grande débito com ele. Mas, naquela noite, dirigindo (?!) um confortável e caro carro, quase o atropela estupidamente na madrugada.